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Pesquisa revela que 82% dos empreendedores têm renda de até dois salários mínimos

Falta de recursos para investir no negócio dificulta ascensão para faixas maiores de faturamento
Por Kelmenn Freitas - Partners Comunicação
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Uma pesquisa realizada pelo Sebrae mostra que 82% dos empreendedores alagoanos têm renda de até 2 salários-mínimos. Esse índice supera a média nacional, que é de 68% dos 29 milhões de donos de negócios (formais e informais) no país que vivem com o mesmo rendimento.

Ainda segundo o levantamento, feito com base em dados da PNAD do 2º trimestre de 2023, quase 20 milhões de brasileiros são donos de negócios com faturamento mensal de até 2 salários mínimos.

“Este dado representa a fragilidade da nossa economia. Esse recorte é daqueles empreendedores classificados como MEI (microempresa individual) e os empreendedores por conta própria. Na composição das empresas alagoanas, os pequenos negócios chegam a representar mais de 95% das empresas ativas”, explica Fábio Leão, analista da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae Alagoas.

“Segundo dados da Receita Federal, deste mês de outubro, das 180.900 empresas ativas, as MEIs representam mais de 124.500. São mais de 65%. São empresas que faturam pouco, empregam pouco e arrecadam pouco. Elas são importantes, no entanto, para conter a falta de oportunidades de empregos formais e de possibilidades de negócios para empresas de outros portes, dado o pequeno dinamismo da nossa economia”, completa.

Um dos caminhos para esses empreendedores aumentarem o faturamento e migrar para outras faixas, com três ou quatro salários mínimos, é dar um salto no grau de instrução por meio de capacitações e aprendizados.

“Sem dúvidas que a elevação do nível de educação técnica formal é importante. No entanto, este tipo de empresa precisa muito de condições favoráveis de crédito, como crédito customizado de baixo custo, de longo prazo e de fácil acesso, além de baixos níveis de burocracia e redução de custos operacionais, com a redução de trâmites”, destaca Leão.

Hoje, os pequenos negócios representam 95% das empresas brasileiras – 30% do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados mostram que aumentar o grau de instrução por meio de capacitação e aprendizados permite aos empresários ampliarem o mercado. E o Sebrae atua para intensificar o treinamento e o monitoramento dessas empresas.

“Os empreendedores de pequeno porte estão, na maior parte do tempo, sozinhos para tomar decisões importantes sobre: investimentos, contratações, pagamentos de tributos, planejamento, etc. O Sebrae Alagoas já conta com diversos programas e consultorias sob medida para os MEIs. No entanto, eles ainda carecem de outras organizações que possibilitem um atendimento complementar, como os conselhos de contabilidade, cooperativas de crédito, bancos que operam microfinanças e o setor público por meio das secretarias de apoio ao pequeno negócio”, afirma Fábio Leão.

Pastéis da Deborah

Deborah Cristina é uma das empreendedoras que se encaixam nessa margem de faturamento apontada pela pesquisa. Ela se queixa da falta de dinheiro para investir no negócio, uma empresa de salgados, a Pastéis da Deborah.

“A oscilação no movimento de clientes também dificulta muito o nosso ganho. A burocracia também atrapalha bastante. Eu fiquei 30 dias sem trabalhar no food truck porque precisei de um alvará de funcionamento para ligar a energia elétrica. A gente só quer trabalhar direitinho e ganhar nosso dinheiro, mas agora o problema foi resolvido, graças a Deus”, desabafa.