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Jornada tripla de trabalho marca rotina da maioria das empreendedoras alagoanas

Pesquisa do Sebrae mostra que quase metade das mulheres sente dificuldade em conciliar gestão do negócio, tarefas domésticas e cuidado com família
Por Kelmenn Freitas
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Mais de 26,6 mil mulheres alagoanas estão à frente de pequenos negócios no estado, muitas delas conciliando uma jornada que inclui trabalho, estudos, tarefas domésticas e cuidar dos filhos. Do total, 72% não têm o negócio como única fonte de renda e 44% são chefes de família. Os números fazem parte de uma pesquisa divulgada pelo Sebrae Alagoas que traça o perfil do empreendedorismo feminino não só no estado, mas também na região Nordeste e no Brasil.

Os dados mostram que 47% dessas empreendedoras sentem dificuldade em conciliar trabalho, tarefas de casa e cuidar da família (jornada tripla) e 41% sentem dificuldade em conciliar estudo, trabalho, tarefas domésticas e cuidados (jornada quádrupla). O cenário se torna mais desafiador para 69% delas, que trabalham por conta própria, sem o auxílio de um funcionário.

“A carga horária das mulheres empreendedoras é frequentemente desafiadora e envolve várias jornadas ao mesmo tempo. Elas enfrentam o desafio de conciliar suas responsabilidades profissionais com as tarefas domésticas e familiares. Elas precisam gerenciar a empresa e, ao mesmo tempo, cuidar dos filhos, da casa e da família”, destaca Geanne Silva, analista do Sebrae Alagoas.

Ela afirma também que a maioria atua de forma independente, sem vínculo empregatício. “Elas podem ser autônomas, freelancers ou proprietárias de pequenos negócios. Muitas mulheres empreendedoras preferem a autonomia de trabalhar por conta própria, enquanto outras assumem a responsabilidade de liderar e empregar outras pessoas em seus negócios”, aponta Geanne. Enquanto quase 70% trabalham por conta própria, 32% são empregadoras.

As empreendedoras também são mais responsáveis com os compromissos financeiros em comparação aos homens. Em Alagoas, pelos dados disponibilizados pelo Mapa da Inadimplência do Serasa (2023), 40% da população está inadimplente. Em 2022, esse mesmo relatório apontou que, em relação às mulheres, 53,3% delas renegociaram suas dívidas no final do ano. Essa taxa é significativamente maior que a dos homens, que correspondem a 29% dos inadimplentes.

A idade média dessas alagoanas é de 39 anos. Mais da metade das empreendedoras, mais precisamente 53%, é casada e 22% têm nível superior completo, 16% possui pós-graduação completa e 12,5% o Ensino Médio. O total daquelas que têm filhos chega a 84%.

O rendimento médio das donas de pequenos negócios em Alagoas gira em torno de 1,27 salários-mínimos. Comparando o rendimento dessas empreendedoras, elas ganham, em média, o mesmo que os empregados formais. Cerca de 73% das donas de negócios contribuem para a previdência e somente 27% não acham que isso é uma questão importante para se preocupar. O estudo também mostra que a maioria das mulheres empreendedoras trabalha entre 14 e 45 horas por semana.

Desafios

O levantamento do Sebrae Alagoas aponta alguns obstáculos enfrentados pelas empreendedoras, tanto as alagoanas quanto as do Brasil afora. Entre eles estão as desigualdades no acesso a recursos e financiamentos; a insegurança ao iniciar um negócio, geralmente relacionado à falta de confiança em suas habilidades ou ao medo do fracasso; conciliar vida pessoal e profissional, quando muitas mulheres empreendedoras buscam flexibilidade para cuidar da família e do negócio; e falta de conhecimento sobre suas potencialidades, já que algumas mulheres podem não estar cientes de todas as oportunidades e possibilidades de crescimento em seus setores.

Mas o estudo também pontua algumas oportunidades, entre elas investir em educação empreendedora, com foco na capacitação e formação específica para mulheres para fortalecer suas habilidades e conhecimentos no mundo dos negócios.

Cita ainda o empreendedorismo social e ambiental, com foco em negócios que proporcionem efeito social e ambiental positivo, além de ganho financeiro, o que tem sido uma tendência que ganha força no empreendedorismo feminino. A pesquisa aponta que as mulheres estão mais conscientes dos desafios globais, como a pobreza, a desigualdade, a violência, a população e as alterações climáticas, e querem ajudar a criar um mundo melhor.