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Cooperativa faz degustação de produtos derivados da jabuticaba no Sebrae

Os itens produzidos pela agricultura familiar de Alagoas são comercializados em feiras e eventos em todo o país
Por Guilherme Lamenha
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Bebida fermentada, geleias, casquinha cristalizada e a nova receita de compota todos derivados da jabuticaba foram apresentados aos diretores e colaboradores do Sebrae Alagoas, nesta segunda-feira (25), por representantes da Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa (Coopcam), fundada em 2010. Conhecido como “vinho de jabuticaba”, a bebida alcoólica continua sendo o produto mais procurado e nasceu de uma receita tradicional da Serra das Pinhas, zona rural de Palmeira dos Índios.

“Desde 1975, as famílias que celebravam a novena de São Pedro ofereciam a bebida feita com a fruta curtida na cachaça, que mais parecia um licor. Era bem diferente do processo atual, que fazemos desde 2019, com a fermentação da jabuticaba com o açúcar, que resulta nesse fermentado alcoólico, tipo vinho de mesa seco ou suave”, conta a diretora-secretária da Coopcam, Salete Barbosa, responsável pela apresentação dos produtos durante a manhã de degustação.

Para o diretor-técnico do Sebrae, Keylle Lima, foi mais uma oportunidade de conhecer mais uma história inspiradora de empreendedores do campo. “A gente precisa cada vez mais promover e valorizar essas trajetórias e nós vamos apoiar no que for possível a cooperativa no desenvolvimento e devido registro dos seus produtos”, afirma. A iniciativa integra o Programa AgroNordeste, que orientam os pequenos negócios da agricultura familiar, valorizando a biodiversidade e o empreendedorismo sustentável.

A diretora de Administração e Finanças, Juliana Almeida, também recepcionou o grupo. “A cooperativa é formada por homens e mulheres, mas nesse projeto temos uma maioria feminina que demonstra, mais uma vez, a força delas no campo, à frente de muitas iniciativas do agronegócio”, destaca.

“Nós contamos com o apoio do Sebrae, da Embrapa e de órgãos estaduais que incentivam os processos artesanais e o desenvolvimento da agroindústria familiar. Queremos conquistar a certificação do MAPA e conquistar o mundo com os nossos produtos”, diz Salete Barbosa. Atualmente, os produtos são comercializados de forma caseira, nas visitas dos roteiros de turismo rural na região, em feiras e eventos abertos para degustação. “Temos muita aceitação e já fomos bem longe, em diversas cidades pelo Brasil e até uma participação internacional, no Peru”, completa.

Salete Barbosa conta que, entre 2019 e 2020, com o apoio do Sebrae, os produtores tiveram uma consultoria especializada da empresa Companhia dos Fermentados. “Eles vieram lá de São Paulo e nos ensinaram a desenvolver a receita do nosso vinho de jabuticaba. Aprendemos o processo de fermentação juntando apenas a fruta e o açúcar, o envase, a rotulagem e hoje estamos com um produto com menor teor alcoólico do que o vinho produzido a partir das uvas e com um pouco mais de acidez”, explica. Ela também destaca a parceria com professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que acompanharam o desenvolvimento do produto.

A nutricionista e consultora Helena Menezes, também contratada com apoio do Sebrae, desenvolve junto com o grupo as novas receitas. As geleias ganharam novas versões, além da tradicional, como os sabores picantes e defumados. Para aproveitar o bagaço da jabuticaba, antes descartado no processo de fabricação do vinho, eles desenvolveram as casquinhas cristalizadas, que faz sucesso nas degustações. “Mais recentemente, temos a compota, um doce dessa fruta tradicional da nossa região”, lembra Salete Barbosa.

AgroNordeste

Pollyanna Bellotti, analista do Sebrae Alagoas, explica que, no caso da Coopcam, a consultoria da instituição focou nas alternativas de combate ao desperdício da matéria-prima. “O AgroNordeste chega aos empreendedores para ampliar o rol de produtos oferecidos pelo cliente, proporcionar da melhor forma possível a utilização dos alimentos da agricultura familiar e estimular a inserção no mercado, que dinamiza o comércio local”, afirma.

Dentro das metas do desenvolvimento sustentável, o projeto busca aumentar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos da agricultura familiar, buscando incentivar a agricultura sustentável, gerando oportunidades de trabalho e crescimento econômico, que ajuda a reduzir as desigualdades sociais.

“A comercialização requer produtos competitivos e ajustados à legislação de alimentos, por isso a importância do beneficiamento, em conformidade com as boas práticas de manipulação de alimentos. Entretanto, para a inclusão no mercado atual, se faz necessário a sensibilização sobre a importância dos alimentos oriundos da biodiversidade local, destacando seus processos artesanais”, conclui a analista.