À primeira vista, a relação entre o cangaço e a economia criativa pode parecer distante, mas, na verdade, eles têm muitos pontos em comum. Lampião e seus cangaceiros desempenharam papéis importantes para a identidade nordestina, inclusive no âmbito do que hoje denominamos Economia Criativa. O tema foi debatido no primeiro dia do ciclo de palestras com o tema “Lampião e o Cangaço nas Alagoas”, promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL), em parceria com o Sebrae, que acontece nos dias 30 e 31 de julho.
Sob a mediação do diretor de Relações Institucionais do IHGAL, Luiz Otávio Gomes, o diretor-superintendente do Sebrae Alagoas, Vinicius Lages, e o superintendente do Sebrae Ceará, Joaquim Cartaxo, demonstraram que, ao explorar o passado e transformá-lo em experiências contemporâneas, a Economia Criativa encontra no cangaço uma fonte inesgotável de inspiração e identidade. Para eles, a conexão entre o cangaço e a Economia Criativa está na capacidade de construir narrativas, valorizar o patrimônio cultural, reafirmar a identidade regional e utilizar a comunicação de forma estratégica.
Em um conceito mais contemporâneo, a Economia Criativa engloba setores que geram valor a partir da criatividade e do conhecimento, como música, design, artes visuais, gastronomia e turismo. No Brasil o setor representa 3,11% do PIB e emprega cerca de 7,4 milhões de pessoas. São 111,2 mil micro e pequenas empresas formalizadas dentro desse segmento. Só em Alagoas, representou um acréscimo de 25% nos postos de trabalhos, ficando em terceiro lugar no ranking de estados de todo o país.
“Nós observamos, na narrativa histórica do cangaço, um fenômeno social, político e econômico. Dentro do contexto da economia agrária do Nordeste, na virada do século XIX para o XX, existe uma rica e vasta história a ser contada. A dimensão estética, as narrativas, a inspiração para o design, o modo de vida e a identidade nordestina, ligados ao sertão da Caatinga, são fontes de grande inspiração. Essa inspiração já se reflete em uma vasta produção literária, no cordel, no audiovisual, em filmes, documentários e na música. Além disso, as festividades ligadas a essa cultura movimentam nossa economia, fortalecendo ainda mais nossa identidade”, destaca Vinicius Lages.
Para Cartaxo, a história de Lampião e do cangaço, apesar de ser marcada pela dualidade entre o banditismo e o heroísmo, o que predomina dentro do imaginário popular são os símbolos, as formas, o conjunto de elementos que se enquadram na Economia Criativa e se expressam em várias linguagem como o artesanato, a literatura, a moda, o cinema, entre outros.
“Do ponto de vista do imaginário e memória popular, prevalece a identidade do herói. Então temos um acervo fantástico do ponto de vista da identidade cultural, que vai dar substrato para o desenvolvimento da Economia Criativa.”, destacou o superintendente do Sebrae Ceará e estudioso no assunto.
O diretor de relações institucionais do IHGAL, que já foi membro do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae Alagoas, Luiz Otávio Gomes, destacou a importância do pequeno negócio para a economia. “Nós precisamos também, nessa casa de História, tratar da economia e principalmente do pequeno negócio. Então, vamos falar sobre Economia Criativa. Porque para o bem ou para o mal, Lampião vende”, afirmou.