Tradição, identidade, ancestralidade e empreendedorismo marcaram a vivência realizada nesta segunda-feira (28), nos quilombos Tabacaria, em Palmeira dos Índios, e Sabalangá, em Viçosa. A atividade fez parte da Oficina de Bonecas Kalungas de Nós, promovida pelo Sebrae Alagoas, com o objetivo de valorizar saberes ancestrais e incentivar a produção artesanal como alternativa de renda para as comunidades quilombolas.
A oficina foi conduzida pela artesã e coordenadora do projeto Ecobrisa, Fátima Santos, que compartilhou a técnica de confecção das bonecas Kalungas, símbolo de resistência cultural afro-brasileira. “Essas bonecas têm uma ancestralidade para o nosso povo negro aqui no Brasil. É um trabalho manual que pode se tornar uma fonte de renda e também um espaço de meditação para a comunidade”, explicou Fátima, que levou a metodologia desenvolvida em Arapiraca para os dois territórios tradicionais.
A Comunidade Quilombola Tabacaria foi a primeira do estado de Alagoas a ter seu território reconhecido oficialmente. Localizada em Palmeira dos Índios, município que abriga parte do legado do histórico Quilombo dos Palmares, a região se destaca por sua riqueza cultural e por manter viva a memória da luta e resistência do povo negro. Já o Quilombo Sabalangá, em Viçosa, também possui certificação da Fundação Cultural Palmares como comunidade remanescente de quilombo.
Raízes culturais
Segundo Susylane Ferreira, analista do Sebrae na agência Arapiraca, a iniciativa foi construída com base no respeito às raízes culturais e no potencial empreendedor das comunidades. “As bonecas Kalungas remetem à história dos quilombos e da diáspora africana. Com essa oficina, buscamos resgatar essa representatividade e, ao mesmo tempo, apoiar a geração de renda. As artesãs da comunidade estão aprendendo a construir as bonecas com a intenção de comercializar como souvenir para turistas e visitantes da região”, explicou.
As participantes ressaltaram a importância da atividade para o fortalecimento das mulheres e da economia local. “Esse curso foi maravilhoso. Vai nos trazer uma fonte de renda e acredito que também vai dar muita sabedoria às mulheres, para que possam fazer coisas ainda melhores”, destacou Alaide Bezerra, moradora do Quilombo Tabacaria. Já Erica Lima, integrante da comunidade Sabalangá, afirmou que a oficina também foi uma forma de reconexão cultural: “Viemos conhecer um pouco mais da nossa cultura e aprender algo que pode se tornar uma renda a mais para todos nós”.

