O Sebrae Alagoas e instituições parceiras realizaram, nesta última terça-feira (14), no Centro de Formação Profissional Gustavo Paiva (Senai – Poço), em Maceió, o Seminário ‘Sustentabilidade na Moda: Impactos e Novas Tecnologias’. O evento foi marcado pelas discussões sobre o futuro do setor, os atuais desafios sociais, econômicos e ambientais na moda e de como o novo cenário global impactará na competitividade dos pequenos negócios da área.
O Seminário foi aberto com o painel ‘Eficiência Energética na Indústria da Moda’, que contou com as participações do consultor do SENAI na área de energia, Willman Maynart, e pelo engenheiro elétrico e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de Alagoas (Crea-AL), Jarbas Cabral.
Willman Maynart destacou alguns aspectos da matriz energética e estrutura tarifária do sistema energético brasileiro, citando alguns exemplos de como uma observação na conta e a troca de equipamentos podem fazer a diferença no gasto com energia em uma pequena indústria da moda.
Ele ainda falou sobre a adesão das empresas à ‘Tarifa Branca’, que é uma opção tarifária para as unidades consumidoras atendidas em baixa tensão (127, 220, 380 ou 440 Volts), chamado de grupo B. Outro tema foi a importância da energia solar fotovoltaica e eficiência energética para os negócios.
“Quando pensamos nessas questões, pensamos em redução de custos. É importante que se inicie um trabalho em cima de uma análise, um estudo na empresa para verificar e analisar como está o funcionamento da estrutura geral da empresa. Quando fazemos o uso racional dos equipamentos, reduzimos os custos. A eficiência nem sempre vem apenas quando substituímos os equipamentos”, afirma.
Já Jarbas Cabral abordou como é realizado o diagnóstico energético com base em inspeções, medições e análises tarifárias e de como essa iniciativa pode trazer resultados como sustentabilidade e competitividade ao negócio. “Com esse diagnóstico podemos saber qual o custo da energia no produto final, se estou usando a energia de forma eficiente, se tenho como melhorar esse desempenho e como posso fazer isso. Esse melhor uso nos traz a eficiência energética”, pontua.
Novas tecnologias e futuro
Em seguida, no painel ‘Novas Tecnologias para Impressão Digital na Indústria da Moda’ o palestrante Márcio Neves, da Empresa DSI, apresentou a modernização de algumas técnicas já utilizadas para a impressão em tecidos, como o Silk Screen. Esta agora está se modernizando com o uso de tintas ecológicas à base de água e o DTG (Direct to Garment), que permite a impressão de camisas em apenas um minuto.
Ele também mostrou soluções que podem ser utilizadas por vários portes de empresas. “Essas tecnologias podem ser utilizadas por grandes e pequenas empresas. Uma tecnologia que faz com que uma camisa seja impressa em um minuto é surreal para qualquer tamanho de empresa e qualquer processo produtivo, com qualidade e boa resolução”, pontua.
Em seguida, o público conheceu algumas tendências que impactarão a moda nos próximos meses e anos, entre elas: luxo acessível, marketing de diversidade, moda real, moda inclusiva e a sustentabilidade na moda. Esse conhecimento está disponível no Caderno de Tendências da Moda produzido pelo Sebrae Alagoas.
Renata Mendonça, a head de tendências da Agência Mescla, foi quem apresentou o caderno, pois a agência fez a pesquisa e organização do conteúdo. “Dentro da sustentabilidade devemos ter em mente que essa é uma das indústrias mais poluentes e os resíduos dela terminam no aterro ou até nos rios e mares. As pessoas começaram a se questionar, saber o que podemos fazer com os resíduos gerados pela moda”, ressalta Renata.
O caderno pode ser baixado pelo site: https://mkt.blog.sebraealagoas.com.br/tendencias-do-mercado-da-moda.
Durante esse painel, Manoel Carlos, representante da empresa Haco, apresentou novas tecnologias utilizadas na fabricação de etiquetas, tags, cadarços, sacolas e embalagens, bem como produtos sustentáveis e certificações da empresa.
Moda sustentável
Por fim, o último painel apresentou as ‘Recomendações para Moda Brasileira Sustentável’ com a palestrante, consultora na Reos Partners e atuante como gestora do Colabora Moda Sustentável, Thayne Garcia.
Ela ressaltou que as recomendações foram feitas de acordo com os seguintes pilares: Desenvolvimento da cadeia e do ambiente de negócios; Aumento da oferta de capital; Fortalecimento do ecossistema da moda e de suas organizações e atores; Ambiente legal e regulatório favorável; Geração e disseminação de conhecimento.
“Para que essa cadeia da moda funcione de forma sustentável é preciso pensar esses sistemas desde o início, a partir do desenho da peça para que nasçam produtos mais sustentáveis. Somente no bairro do Brás, em São Paulo, são recolhidas mais de 45 toneladas de resíduo têxtil por dia, equivalente a 16 caminhões de lixo e isso vai para o aterro. É preciso repensar esse sistema e as recomendações vieram para isso”, ressalta.
Essas recomendações vão orientar grandes mudanças na forma de produzir, vender e consumir moda no Brasil. O material pode ser baixado no site: https://colaboramodasustentavel.org.br/recomendacoes/.
Plataforma
O último painel também marcou o lançamento da plataforma de informações Inova Moda Digital com o palestrante do SENAI Cetiqt, Cleber Lima. Ele mostrou algumas tendências e conceitos da moda que estarão na plataforma com base em estudos que levaram em consideração a sabedoria da natureza, saberes ancestrais e visualização do que é próximo.
“Do início da pandemia até aqui, a indústria da moda mudou. Nós fomos obrigados a mudar. Muita gente quebrou, muita gente aprendeu outra forma de trabalhar. A mentalidade de 2019 não serve mais para 2022. E foi com essa mentalidade que o Senai e o Sebrae desenvolveram um estudo para mapear não apenas as tendências, mas como o mercado nacional se comporta, com as oportunidades e dificuldades. O Inova Moda Digital nasceu dessa proposta”, explica.
Parceiros
A analista da Unidade de Competitividade e Desenvolvimento do Sebrae Alagoas, Ana Paula Dantas, fez um balanço dos temas abordados. “Trouxemos diversas oportunidades para essas empresas da moda – pequenas indústrias, confecções ou varejo. Foi uma programação longa, mas trouxemos esses temas cruciais como eficiência energética, as novas tecnologias de impressão, as tendências na parte de mercado e o Colabora Moda Sustentável, além do inova Moda Digital. Antes eram cadernos físicos, hoje é digital, mais sustentável”, pontua.
Já o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário, da Confecção de Roupas Íntimas e da Fabricação de Bijuterias e de Joalheria do Estado de Alagoas (Sindivest/AL), Francisco Acioli, destacou a importância da união dos parceiros. “Tudo isso é pensado para o crescimento das indústrias alagoanas e só é possível porque todos nós pensamos em uma mesma linguagem, o Sebrae, o Senai, a Fiea e o Sindivest, pensam iguais. Além da união desses parceiros com as empresas”, conclui.
O evento foi uma realização do Sebrae Alagoas e parceiros como a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Alagoas), Crea-AL, Senai-Cetiqt, Sindivest/AL, DSI Sistemas de Impressão e Colabora Moda Sustentável.