Com o propósito de eleger, divulgar e premiar receitas elaboradas por merendeiras que atuam em escolas públicas de educação básica localizadas em vários municípios alagoanos, foi lançado, na quarta-feira (11), a quarta edição do Concurso de Merendeiras. O concurso é promovido pelo Sebrae Alagoas, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Alimentos e Territórios) e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac/AL).
Poderão participar do concurso as merendeiras de escolas de educação básica dos municípios que fazem parte do Programa Cidade Empreendedora: Arapiraca, Maceió, Girau do Ponciano, Limoeiro de Anadia, Marechal Deodoro, Penedo, São Miguel dos Campos, Campo Alegre, Delmiro Gouveia, Maragogi, Olho d’Água das Flores, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Piranhas, Quebrangulo, Santana do Ipanema, Atalaia, Barra de Santo Antônio, Pilar, Porto Calvo e Teotônio Vilela.
No evento de lançamento, o gerente adjunto da Unidade de Competitividade e Desenvolvimento do Sebrae Alagoas, Márcio Barcellos, trouxe as atualizações sobre o edital do concurso, orientações aos municípios e destacou a importância da iniciativa para toda a cadeia envolvida na alimentação escolar, do campo aos alunos.
“Para nós, esse concurso traz muitos valores importantes relacionados à alimentação de qualidade dos nossos estudantes, à valorização dos profissionais envolvidos nessa cadeia da educação e o quanto isso impacta no território, já que estamos falando da valorização da produção local de alimentos, muitas vezes feitas pelos próprios pais dos alunos. Isso é muito importante no contexto de dificuldade atual”, afirma Barcellos.
Serão quatro etapas do concurso: Eliminatória, Municipal, Regional (semifinal) e Estadual (final). Na fase eliminatória, serão classificadas apenas três receitas por município. Na municipal, apenas uma merendeira será classificada. Na regional, as 21 receitas selecionadas nas etapas municipais concorrerão entre si de acordo com a respectiva região do município, totalizando cinco finalistas que vão concorrer na final em Maceió.
Os critérios para avaliação dos pratos levarão em conta aspectos como a presença de alimentos regionais e da agricultura familiar local, a presença de alimentos in natura ou minimamente processados, além da ausência de alimentos processados e ultraprocessados e a possibilidade de replicação da receita no contexto escolar.
Cronograma
As inscrições terão início no dia 07 de julho e vão até o dia 08 de agosto e podem ser feitas por meio de formulário on-line. A divulgação dos resultados da Etapa Eliminatória será no dia 22 de agosto. As etapas municipais serão do dia 31 de agosto a 20 de outubro.
Seguem as etapas regionais nas seguintes datas:
Sertão: 25/10/2022
Agreste: 25/10/2022
Região Norte: 08/11/2022
Região Metropolitana: 10/11/2022
Região do Tabuleiro do Sul e Baixo do São Francisco: 11/11/2022
Etapa Estadual (final): 26/11/2022
Premiações
Para os 21 classificados da Etapa Municipal, será entregue o prêmio de R$ 500. Na etapa Estadual, o primeiro colocado receberá, além do prêmio já conquistado na Etapa Municipal, mais R$ 5 mil. Já o segundo ganhará mais R$ 2.500, e o terceiro, R$ 1.000. Ao nutricionista responsável pela merendeira ou merendeiro vencedor da etapa Estadual será entregue o prêmio de R$ 5 mil.
Haverá ainda uma premiação oferecida pelo Senac em forma de vouchers para cursos. Para a merendeira e a nutricionista que obtiverem o primeiro lugar, o valor do voucher será de R$ 1.000,00 cada uma. Para as segundas colocadas, o valor do voucher será de R$ 600, e para o terceiro lugar, R$ 400.
Palestras
O evento de lançamento do Concurso de Merendeiras também contou com a palestra ‘A Importância da Alimentação Escolar no Desenvolvimento Regional – Experiência do Brasil e de Outros Países’, ministrada pela coordenadora regional de Programas de Alimentação Escolar na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Najla Veloso.
Ela abordou alguns dados da segurança alimentar e nutricional no mundo e desafios globais da alimentação escolar, como o fato de que 20% dos países não possuem políticas voltadas ao tema e 50% dos estudantes no mundo não recebem comida no período escolar. Segundo Najla, é preciso superar o paradigma de que esta é uma política apenas para vulneráveis, sendo necessário consolidar estruturas de programas para estudantes de todos os anos, melhorando a qualidade dos cardápios reduzindo a quantidade de alimentos industrializados e inserindo produtos frescos e saudáveis. Ainda de acordo com Najla, iniciativas como o Concurso de Merendeiras pode contribuir para a melhoria desse cenário.
“A valorização da cultura alimentar local vem de nossos ancestrais indígenas e africanos e, às vezes, não nos vinculamos a isso. Sem contar a valorização da biodiversidade e as possibilidades de mercado que isso traz para a agricultura local e para o sentimento de pertencimento e identidade, que são muito importantes e a comida possibilita isso”, ressaltou Najla. “Outro tema relevante é essa valorização dos profissionais, sejam nutricionistas, merendeiras, professores, agricultores. É o resgate humano que um processo como esse nos traz. Estamos falando de gente que faz e é capaz de fazer diferente”.
O chefe-geral da Embrapa Alimentos e Territórios, João Flávio Veloso, ministrou uma palestra sobre a identidade alimentar do Brasil, desde antes da chegada dos portugueses, e a utilização de elementos naturais na alimentação, o que trouxe alterações na paisagem natural, também sob influência de outras culturas que chegaram ao país na sequência.
Veloso também falou sobre a importância de programas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Precisamos olhar para esses brasileiros e ajudar na construção dessa identidade. Esses programas são importantíssimos. Temos que brigar para que esses programas deixem de ser programas de governo e passem a ser programas de Estado. Temos uma geração de alunos que sofreu com a inflexão desses programas, além de uma geração de produtores que perderam bastante com a diminuição da intensidade do PAA”, frisou.
Por fim, a nutricionista e delegada do Conselho Regional de Nutrição CRN-6 em Alagoas, Anna Carla Luna, apresentou sua palestra ‘Gestão de Alimentos, Legislação do PNAE e suas Atualizações’, trazendo o histórico do programa, seus benefícios e o papel de atores como as merendeiras, prefeitos, secretários, professores e alunos no incentivo a uma alimentação escolar de qualidade.
“O concurso traz uma importância muito grande para a alimentação escolar no nosso estado. Ficamos muito felizes porque é uma iniciativa que sempre agrega parceiros e ver que o Sebrae entende a importância do PNAE. Colaboramos com o maior prazer”, conclui.