A valorização do artesanato está entre as principais tendências de mercado dos últimos anos, partindo de uma redescoberta dos produtos feitos à mão e sua relação com outros segmentos como a moda autoral e a decoração. No Brasil, o setor movimenta em torno de R$ 100 bilhões por ano, que representa cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, com mais de 8,5 milhões de artesãos espalhados por todos os estados. Em Alagoas, o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) já emitiu mais de 18 mil carteiras do artesão, que coloca o estado entre os mais representativos em arte popular.
“Comemoramos hoje o Dia do Artesão, uma homenagem a São José, que era carpinteiro. Aproveitamos a data para prestar uma homenagem a todos os artistas populares de Alagoas que fazem do seu ofício um pequeno negócio”, afirma Marina Gatto, gestora do programa de Artesanato do Sebrae. Segundo ela, a instituição é pioneira no apoio ao artesão e aos municípios do estado, estimulando uma atividade fundamental para o desenvolvimento local.
Marina Gatto também explica que o bom momento vivido pelo segmento é reflexo de um movimento que nasceu durante a pandemia. “A tendência se chama Craftcore e coloca as habilidades manuais no centro da produção de moda e design se interiores. A própria noção do artesanato como arte autoral vem crescendo, com a participação em exposições e a comercialização em galerias e lojas de museus em todo o mundo”, explica.
Ela lembra que, desde o ano passado, o artesanato alagoano está sendo vendido na Loja do MASP, em São Paulo, um dos museus mais prestigiados do país. “Além da abertura desses novos espaços e mercados, o Sebrae busca inserir o artesão em um contexto mais amplo, promovendo um intercâmbio com marcas de moda como Cantão, FOZ e Flávia Aranha, só para citar alguns exemplos recentes. Quando um estilista fecha uma parceria com um grupo de artesãos ou artista popular agrega um olhar diferente ao produto, que passa a contar uma história, remete à ancestralidade e, na maioria dos casos, valoriza a sustentabilidade e a diversidade”, diz a gestora.
As novas oportunidades de mercado que se abrem para o produto artesanal representam uma espécie de reação aos “excessos” da era tecnológica e da industrialização em larga escala. “Estamos vivendo um momento onde tudo muda muito rapidamente. O trabalho manual possibilita integração e convívio humano, com a valorização de objetos que trazem conforto, aconchego e principalmente memórias afetivas”, conclui Marina Gatto.