O uso da Inteligência Artificial e da análise de dados pelos pequenos negócios atraiu centenas de empreendedores para o workshop que o Sebrae Alagoas promoveu neste sábado (2), no Hotel Ritz Lagoa da Anta, com a presença de especialistas das duas áreas e expositores. A instituição convidou alguns dos principais nomes do mercado para realizar as palestras, que se estenderam durante todo o dia.
O diretor-superintendente do Sebrae Alagoas, Vinicius Lages, destaca que a realização do evento com foco nos dois temas era imprescindível e até mesmo urgente, diante da celeridade com que as novas tecnologias avançam sobre a dinâmica dos negócios e demais setores da sociedade.
“É um tema tão importante que é definidor, ou seja, vai definir quem, daqui para frente, vai sobreviver ou vai se tornar obsoleto. Não tenho dúvida disso. Tudo o que foi dito aqui faz parte de um momento em que a humanidade, as organizações governamentais, prefeituras, entes privados, startups, enfim, a gente, enquanto cidadão, enquanto consumidor, enquanto empreendedor, vai ter que tomar decisões sobre tudo isso que foi abordado durante o evento”, analisa.
“Também tivemos um panorama do quanto os dados, o analytics, é fundamental daqui para frente, trazendo a questão de um mundo veloz, confuso, em que a gente, às vezes, não consegue captar o que está vindo. Tem ainda os chatbots e diversas aplicações humanizadas dessa interface conversacional, democratizando essa capacidade computacional através da Inteligência Artificial generativa e da Inteligência Artificial tal como estava posta até agora”, completa o superintendente.
John Cordeiro, diretor de Produto e Tech da Weni, falou sobre “A era da Inteligência Artificial”, mostrando um panorama do cenário atual ao pontuar as principais ferramentas hoje no mercado.
“A tecnologia por trás do ChatGPT existe desde 2017. O que a OpenAI fez, a empresa que o criou, foi apenas democratizar o acesso à tecnologia. A Inteligência Artificial é uma revolução muito forte e que pode ser usada para uma centena de atividades. Ela veio para transformar as nossas vidas. Mas ainda não é capaz de suprir todas as demandas, principalmente aquelas em que é preciso explorar os sentimentos e emoções humanas”, destaca.
“O empreendedor pode usar a Inteligência Artificial em inúmeras frentes, como vendas, marketing e Recursos Humanos. A entrega de boletos via conversa no WhatsApp é um exemplo. Os pequenos negócios que se anteciparem na criação de chatbots vão se adiantar para quando a mudança chegar. Porque primeiro a mudança acontece lá fora, em outros países, e só depois vem para o Brasil”, completa .
Carlos Wanderlan Soares, da Hand Talk, falou sobre “Inteligência Artificial como aliada da Acessibilidade”. A empresa dele coleciona prêmios no Brasil e no mundo com seu aplicativo que traduz simultaneamente conteúdos em português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
“Há 11 anos eu estava aí, sentado no mesmo lugar que vocês, num Demoday, e agora o Hand Talk é uma empresa conhecida mundo afora. Portanto, você que é empresário, não tenha medo de inserir a Inteligência Artificial no seu negócio”, lembra.
“Mas é preciso muito cuidado com a forma que você treina a Inteligência Artificial. Recentemente, tivemos casos de sistemas de identificação facial que esbarraram no racismo, pois só identificavam pessoas suspeitas na cor preta. E tem que ter muito cuidado com a manutenção dos dados, já que somos mantenedores dos dados de terceiros. Temos aí a LGPD para estarmos vigilantes”, observa.
Para Miguel Maurício Filho, co-fundador e CEO da Fabwork, a sociedade vive hoje a chamada Economia da Atenção, marcada pela quantidade excessiva de conteúdo e informações com a qual os usuários são impactados atualmente versus a escassez de tempo e a sensação de que está sempre perdendo algo. Ele falou no workshop sobre “Inteligência Artificial Conversacional: encante e engaje seu cliente através do diálogo”.
“O atendimento tradicional ficou obsoleto. Hoje é preciso fisgar a atenção do cliente por meio de ferramentas que estreitam o diálogo, como o WhatsApp. Mas é preciso lembrar que o WhatsApp tem um dono, que é a Meta, e ela tem suas diretrizes de uso do aplicativo. É importante ter uma empresa parceira séria para cuidar da automação desse serviço”, diz.
Carlos Lima, CEO da id5, apresentou para os empreendedores na plateia as “Ferramentas Visuais e a Inteligência Artificial”. “A gente precisa voltar a ficar ao redor da fogueira, e essa fogueira hoje é o Canva, para poder organizar as ideias do nosso negócio. A própria id5 está passando hoje por um processo de transformação digital”, conta. “O Timmy [aplicativo da id5] concentra todos os canvas e faz uma interpretação dos dados para, em seguida, dar um roteiro de como surpreender o consumidor. O marketing é uma maneira de fazer um espetáculo para o cliente”, diz.
Naelson Oliveira, do Centro de Inovação Edge, falou sobre “Inteligência Artificial e Gestão de Contratos”, mostrando como o sistema da empresa dele ajuda empresários a produzirem esses documentos de maneira mais eficiente, em menos tempo e sem gastar uma pequena fortuna com a contratação de especialista para revisar cláusulas.
A sequência de palestras foi encerrada com a apresentação de Pedro Pazzini, gerente de Ciência de Dados da Geofusion, empresa especializada em geomarketing. Também conhecido como inteligência geográfica, o geomarketing é uma das estratégias mais utilizadas para conhecer melhor um determinado público e desenvolver estratégias bem direcionadas numa região.
Ele usou como exemplo para ilustrar o potencial do seu produto um personagem fictício, professor de Educação Física, que pode usar dados diversos de uma região e bairros para vender seus serviços.
Análise de dados
O professor da Ufal, Eduardo Setton, comandou uma mesa redonda que debateu a análise de dados com os palestrantes da manhã. Sílvia Luz, abordou a importância da Fluência em Dados e por que essa habilidade é tão essencial para os negócios. O engenheiro da Computação, Pedro Pazzini, abordou as ferramentas disponibilizadas pela tecnologia aplicadas ao geomarketing.
O uso da análise de dados e da IA no monitoramento da experiência de clientes foi o tema abordado pelo palestrante Lúcio Tezotto. Já Leandro Almeida, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, tratou sobre a aplicação da IA e Machine Learning pelos pequenos negócios. A parte da manhã ainda contou com a participação de Robson Brandão, da Seplag, que apresentou o Portal Alagoas em Dados e Informações, que auxilia a gestão pública na tomada de decisão baseada em evidências.