Inovação no campo representa mudanças que impactam a produção dos alimentos que chegam na mesa de milhões de brasileiros. E a inovação é o foco do programa do ALI Rural. Os produtores de municípios da região Metropolitana e zona da Mata atendidos pela iniciativa se reuniram para analisar os resultados do 2º ciclo do programa, que iniciou em dezembro de 2023 e encerrará este mês. O encontro aconteceu na sede do Sebrae, em Maceió, nesta quinta-feira (4).
Ao longo do programa foram atendidos 17 municípios e 120 produtores dessas regiões. Todos passaram por cinco dimensões da metodologia: novos produtos, controles gerenciais, melhoria de processos, marketing, venda e redução de custos.
Durante o evento, foram apresentados dados com relação aos produtores, 93% deles são da agricultura familiar em 14 cadeias produtivas diferentes. Entre as dificuldades encontradas, 98% dos produtores tinham dificuldade em planejamento, 97% de acesso ao mercado, 87% dificuldade em investimentos.
“Quando o Sebrae chegou eu achei que ele ia me financiar o dinheiro, só que foi muito melhor, ele me financiou com o conhecimento. Por que, o que eu faria com dinheiro sem o conhecimento? Então, a partir daí, eu comecei a trabalhar juntamente com o agente e fiz as divisões das pastagens, que reduziram bastante os meus custos e aumentaram a produção”, afirma o criador de gado Leilton Lourenço, do município de Boca da Mata, ao listar as melhorias realizadas em sua propriedade, através de orientações da consultoria que, só com a adoção de uma delas, reduziu os custos em R$ 1 mil.
Segundo Jacqueliny Martins, analista do Sebrae e gestora do ALI Rural, todos os produtores foram acompanhados pelo agente local de inovação durante nove meses. “O projeto mede três indicadores, que são o faturamento, o NPS e a modernização e inovação. Geralmente o pequeno produtor acha que inovação é uma coisa fora da sua realidade, e não é. Pode ser uma marca que foi trabalhada de forma diferente, pode ser uma análise de solo que foi feita na propriedade, pode ter sido um controle gerencial ou a mudança de um produto que ele começou a fazer. Então, tudo isso faz parte da inovação”, explica.
O diretor-técnico do Sebrae Alagoas, Keylle Lima, destacou que o programa impacta diretamente a vida do produtor. “É um programa importante porque a gente sabe que muda bastante o negócio de vocês, da forma como vocês estavam tratando, seja do ponto de vista de novos produtos, do marketing, seja reduzindo custos para vocês terem maiores ganhos ao final”, destaca.
A diretora de Administração e Finanças da instituição, Juliana Almeida, também esteve presente ao evento e lembrou das suas origens do campo. “Eu sei bem a importância de programas como o ALI para o aprimoramento da produção rural”, diz.
Ter controle sobre as finanças foi um benefício que o projeto trouxe para o produtor de banana-da-terra, de Flexeiras, Severino Ferreira de Lima. “Trabalhava muito e não sabia o que estava fazendo, porque eu não tinha controle financeiro. Pagava para roçar o mato, plantava, colhia. Não sabia se lucrava ou se perdia. Depois que a agente Natalie chegou lá, na minha propriedade, e esclareceu as coisas, passei a compreender esse fluxo. Hoje eu faço o controle das minhas finanças, do que eu guardo, do que eu colho. Hoje eu sei o que eu estou fazendo. Tudo meu é anotado para que eu saiba como anda o negócio”, afirma.
Entre outras melhorias que o projeto pode levar para aos produtores, podemos citar o controle gerencial dos negócios, que atendeu 23,14% das propriedades, com 28 ações. Além disso, 19,83% dos atendidos focaram no processo produtivo, com 25 ações. Já as ações de marketing foram as campeãs com 33,88% de atendimentos e um total de 41 ações. A redução de custos somou 11,57% dos produtores e o surgimento de novas possibilidades de itens produzidos chegou a 11,57%.