A noite desta terça-feira (13), da cerimônia de reconhecimento das vencedoras da Etapa Estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócio, realizada na sede do Sebrae Alagoas, em Maceió, ficou marcada pela emoção, inspiração e cases de empreendedorismo feminino genuinamente alagoanos. Ao todo, foram reconhecidas seis das mais de 150 histórias inscritas no estado de Alagoas.
Na categoria ‘Pequenos negócios’, o prêmio contemplou três proprietárias de micro e pequenas empresas, aquelas que têm faturamento anual de R$ 82 mil a R$ 4,8 milhões. Em terceiro lugar, ficou a empresária Thaís Nobre, da empresa ‘Clinvacin’, de Arapiraca, que, na oportunidade, deu um exemplo de como é cuidar de um negócio e ao mesmo tempo ser mãe.
“Todo mundo sabe que a vida de empreendedora não é fácil. A mulher tem muitas funções. Tenho três filhos e moro em Arapiraca. Agora mesmo, deixei o meu pequeno de quase seis meses lá e vim com muito orgulho participar dessa premiação tão bonita. Só tenho a agradecer ao Sebrae por este momento e pela oportunidade de poder inspirar e se inspirar também. Parabéns a todas”, afirma Thais.
Já no segundo lugar, ficou a empresária Ana Valquíria, da empresa ‘Decisão Contabilidade’, de Delmiro Gouveia. Filha de dona de casa e pai ambulante, ela começou o negócio na área de casa com sua cunhada há mais de 10 anos, com apenas uma mesa e um computador, sem nem saber o que era empreender.
“Fiz uma reforma em casa e montei o meu escritório. Não sabia o que era empreendedorismo. A gente não nasce empreendedor e na escola não aprendemos isso. Eu só descobri quando o Sebrae entrou em minha vida. Foi aí que me vi empresária. Tenho muito a agradecer ao Sebrae, principalmente ao Vitor Pereira (gerente-adjunto da Agência do Sebrae em Delmiro Gouveia). Fiz o Empretec e o Líder Coach. Não é porque somos do Alto Sertão que não somos assistidos. Sou feliz por ter esse escritório do Sebrae lá. Foi por causa daquela equipe que eu soube que era empreendedora”, ressaltou.
A grande vencedora da categoria foi Thaís Borges, da ‘Barulhinho Bom Chips’, que criou a empresa a partir da necessidade de seu marido que sofria com a obesidade mórbida e precisava comer alimentos saudáveis. Com muita fé e apoio do Sebrae, hoje os chips feitos por ela passaram a ser exportados.
“Primeiramente gostaria de agradecer ao meu Deus por não ter desistido de mim. Desisti da empresa ainda no primeiro ano. Mas Deus me pediu para que eu me esforçasse e tivesse bom ânimo. Mesmo com isso, eu desisti e ouvi de Deus que era para continuar e Ele falou que daria cor, gosto e sabor ao meu negócio. Daquele dia em diante eu acreditei naquele projeto. Eu tinha três produtos e hoje temos seis. Iremos lançar 16 produtos. Deus faz o impossível acontecer. Mas também tenho uma boa retaguarda, tenho o Sebrae. É tudo 70-30 [se referindo ao subsídio dado em algumas consultorias]. Hoje estou com duas consultorias na empresa. Isso não é balela. Se aplicar tudo o que for repassado, a coisa acontece. Meu produto é top e hoje já exporto para os Estados Unidos”, comemora.
Categoria Microempreendedora Individual
Já na categoria Microempreendedora Individual (MEI), com mulheres que tenham negócio formalizado com faturamento máximo anual de até R$ 81 mil por ano, na terceira posição ficou a empresária Francisca Lessa, da Associação de Bordadeiras Pontos e Contos de Penedo, que emocionou a todos contando a história de sua mãe, dona Rita.
“Dedico o prêmio à minha mãe, que era uma mulher submissa, mas não deixou as filhas serem assim. Ela tirou a gente de perto do pai e nos mandou embora para estudar. Ela me ensinou a ficar onde a mulher tem e quer ficar. Estudei, me formei em engenharia, trabalhei e trouxe minha mãe, que se formou no ensino fundamental aos 70 anos. Ela que me ensinou a ser quem sou e me ajudou a montar a Pontos e Contos. Passo o ensinamento de minha mãe para as mulheres desse grupo, algumas carentes e que vivem em situação de vulnerabilidade social e passaram a ter uma profissão e vida digna. Esse trabalho tem a presença do Sebrae. Sem o Sebrae, o projeto não teria chegado até aqui”, frisa.
A segunda posição ficou com a empresária Ivanilda Luz, da Odara Restaurante, de Maceió, criado para valorizar a cultura e gastronomia afro-brasileira, além de empoderar mulheres negras alagoanas. “Assim como fez a Francisca, também gostaria de dedicar esse prêmio à minha mãe. Esse é um prêmio incrível, muito importante para a gente. Para que possamos dar continuidade a esses sonhos e a essa luta que é afroempreender, que é algo ainda mais difícil. Isso não é algo somente meu. Não cozinho por talento, mas pela missão de levar comigo todas as mulheres possíveis. Mulheres negras, empreendedoras que estão em seus negócios ou em cargos subalternos porque não têm ou não conseguem enxergar a potência de seus trabalhos”, destaca.
A grande vencedora da categoria foi Angélica Bomfim, da Loja Cazul, criada por ela em 2019. Com a pandemia, a empresária passou a ir até as clientes, criando a ‘Bag Delivery’, linha com 10 looks para que as clientes pudessem escolher no conforto de casa.
“É um dia especial para mim. Gostaria primeiramente de agradecer a Deus por estar aqui. Essa é uma resposta a diversos questionamentos. Quero dedicar esse prêmio aos meus pais, que são o meu alicerce, são os meus maiores fãs. Eles me apoiam nas minhas maluquices. Agradecer também ao meu noivo que me incentivou e disse que eu era capaz, além da Ana, que é o meu braço direito e esquerdo na empresa. A Cazul é a realização de um sonho que estava adormecido. Não me achava capaz. Não vendia nem um chiclete. Mas me descobri empreendedora em pequenos atos. Hoje, não vendo roupas, vendo autoestima. É incrível saber que posso e que todas essas mulheres também podem”, conclui.
O diretor técnico do Sebrae Alagoas, Vinícius Lages, ressaltou o trabalho feito pela Unidade de Soluções e Inovação do Sebrae Alagoas, que permitiu que o Estado ficasse em 6º lugar entre todos os 27 estados do País no número de inscrições, com mais de 150 inscritas. De acordo com o diretor, o prêmio é uma das iniciativas que contribuem no enfrentamento de desafios encontrados por elas como a misoginia e a dificuldade de acesso a crédito e soluções específicas para o empreendedorismo feminino.
“Esse é um tema muito caro a mim que estou envolvido desde o início dessa jornada do Sebrae na atenção de se dedicar às mulheres que empreendem no Brasil. Para nós, promover essa etapa é um prazer imenso e nos ajuda a reafirmar esse compromisso assertado de nós termos uma forma de se relacionar, oferecer os nossos serviços e com vocês aprender a desenhar novos programas, novas soluções, capacitações e trabalhar com mentorias e temas que ainda são desafios e, assim dar o suporte necessário”, finaliza.
As vencedoras vão participar da etapa regional do prêmio. Caso sejam vencedoras, irão para a final da etapa nacional, em Brasília, com todas as despesas das finalistas pagas pelo Sebrae. Elas terão direito a uma viagem para participar de uma missão técnica com foco em capacitação, além de mentoria, aparelho de última geração (tablet ou celular) e o troféu.