Na semana do artesão e no mês dedicado às mulheres, o Sebrae Alagoas traz a história de Aline Caju, uma artesã que encontrou na madeira e na criatividade uma forma de mudar sua vida e de sua família. Natural de Belo Monte, no Sertão alagoano, ela cresceu na roça, longe de imaginar que, anos depois, seu nome se tornaria referência no artesanato do estado.
Filha de agricultores, Aline teve uma infância marcada pelo trabalho duro no campo, plantando milho, feijão e palma ao lado dos pais e irmãos. “Eu nunca gostei da roça, mas fui criada nela. Era o que a vida me oferecia naquele momento”, conta Aline, entre as peças coloridas de madeira que hoje ocupam seu ateliê.
Foi aos 34 anos que a vida da artesã começou a mudar. Incentivada pelo marido, que sempre foi seu parceiro e maior apoiador, Aline aceitou o convite para trabalhar com o mestre artesão Jasson, também de Belo Monte e uma referência da arte com madeira dentro e fora de Alagoas. “Ele me descobriu, me ensinou e me encorajou a criar minha própria marca. E foi assim que nasceu a Aline Caju”, relembra emocionada.
Inspirada pela memória afetiva da infância e pelos cajueiros que via balançando no vento, Aline criou sua identidade artística. Sua primeira peça, um cajueiro feito com restos de madeira e cabo de vassoura, foi o início de uma trajetória marcada por originalidade e superação. “Eu transformei madeira que seria queimada em arte, em vida”, afirma.
Mãe que transforma desafios em força
Mãe de dois filhos, Aline também encontrou no artesanato uma forma de estar mais próxima de Arnaldo, seu caçula, diagnosticado com autismo aos três anos. “Trabalhar em casa me permite estar com ele, acompanhar de perto seu desenvolvimento e, inclusive, me inspirar ainda mais nas minhas criações”, compartilha.
Aline conta que um dos momentos mais marcantes de sua trajetória foi quando precisou encontrar uma solução para ajudar o filho autista nas refeições. Arnaldo tinha muita dificuldade em permanecer sentado para comer, mas em uma ida a um restaurante, ele se sentiu confortável em uma cadeira específica e conseguiu fazer a refeição com tranquilidade.
Inspirada pela cena, Aline estudou formas de esculpir uma cadeira semelhante em madeira e, após muita dedicação, conseguiu reproduzi-la em seu ateliê. “Foi a maior realização da minha vida, porque através da minha arte consegui ajudar o meu filho”, relata emocionada. Até hoje, após três anos, Arnaldo só faz as refeições sentado nessa cadeira, símbolo de afeto e superação para a família.
Apoio do Sebrae na construção da artista
A trajetória de Aline ganhou novos contornos em 2022, quando o Sebrae Alagoas bateu em sua porta e apresentou as oportunidades que impulsionaram seu negócio. Desde então, Aline passou a participar de feiras nacionais como a Fenearte e eventos promovidos pela instituição, além de ter recebido consultorias e participado do Empretec Rural. “O Sebrae me deu o suporte que eu precisava para me ver como empreendedora e acreditar ainda mais no meu trabalho”, destaca.
Com esse apoio, ela conseguiu registrar sua marca, fortalecer sua identidade visual e ampliar sua rede de contatos. Hoje, suas peças encantam clientes dentro e fora do estado, e sua história inspira outras mulheres a seguirem seus sonhos.
Para Aline Caju, a arte é mais do que uma profissão. É uma missão de vida. “Eu me descobri com a madeira. E a mensagem que eu deixo para outras mulheres é: persista, não desista dos seus sonhos. A persistência é o segredo do sucesso”, afirma. Em meio ao colorido de seu ateliê, Aline segue renovando o artesanato alagoano com peças que carregam histórias, memórias e muita identidade.
Artesanato como Negócio
O artesanato em Alagoas preserva uma identidade forte e enraizada. Segundo a pesquisa “Estado da Arte do Artesanato Alagoano 2020”, realizada pelo Sebrae Alagoas, o setor tem um perfil predominantemente feminino, com artesãs entre 30 e 59 anos, e mantém a tradição como marca principal, com saberes sendo transmitidos de geração em geração. Para a maioria, a atividade representa um complemento de renda, o que evidencia a necessidade de políticas que fortaleçam o artesanato como fonte principal de sustento.
O Sebrae tem desempenhado papel essencial na valorização e modernização do setor, integrando o artesanato a outros segmentos estratégicos como o turismo e a gastronomia. A instituição fomenta ações voltadas à capacitação em gestão, inovação e técnicas produtivas, além de incentivar o associativismo e a formalização por meio do cadastro no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab), ampliando as oportunidades de negócios para os artesãos.
Com apoio do Sebrae, os artesãos de Alagoas têm alcançado novas vitrines, participando de feiras e eventos no Brasil e no exterior. Além disso, a instituição estimula a melhoria do design e da apresentação dos produtos, contribuindo para agregar valor e aumentar a competitividade no mercado. “O artesanato foi identificado como um dos principais portadores de futuro para Alagoas, integrando cultura, economia e conservação ambiental”, afirma a analista do Sebrae Alagoas, Marina Gatto, reforçando o compromisso de posicionar o artesanato local de maneira inovadora e sustentável.
A equipe de audiovisual do Sebrae Alagoas lançou, neste mês, a editoria “Aqui Tem História”. Em celebração ao Mês da Mulher, a série apresenta a trajetória de quatro empreendedoras que transformaram suas vidas por meio dos seus negócios.
Abrindo a edição, a equipe acompanhou Virgínia Maroja em um atendimento na casa da senhora Adelina, de 80 anos. O segundo episódio contou a história da empreendedora Janaína Mainara, que tem uma oficina de motos, no bairro do Tabuleiro do Martins, em Maceió. Ela tem se destacado no setor automotivo de Alagoas e mostrar como outras mulheres podem se inspirar com a história dela.
E agora, no 3º episódio, a história da artesã e empreendedora Aline Caju, que transformou sua vida e da sua família, através da arte. Com personalidade e uma marca própria, Aline se tornou uma referência de artesanato no Estado.