A Expo Favela Innovation, realizada recentemente no Rio de Janeiro, jogou luz mais uma vez sobre o empreendedorismo que é praticado principalmente nas comunidades dos morros cariocas, mas que também pode ser replicado em todo Brasil. Maior feira de negócios de favela do mundo, o evento contou com a participação de várias unidades do Sistema Sebrae nos estados, incluindo Alagoas.
Ana Madalena Sandes, analista de Soluções e Inovação e especialista em negócios de impacto social, foi uma das participantes da feira na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, e avalia que o evento, em mais uma edição, contribuiu para enriquecer o debate sobre como estabelecer conexões entre favela e asfalto. Mais de 20 mil pessoas participaram dos três dias de programação.
“O empreendedorismo nas favelas e periferias é uma realidade brasileira, um terreno bem fértil de negócios que, todos os dias, lidam com a escassez e através dela usam a criatividade e inovação para sobreviver em um cenário cada vez mais competitivo”, afirma.
“Precisamos apoiar esses negócios, para que eles possam ser cada vez mais competitivos, transformando vidas, realidades e ajudando a diminuir a desigualdade social. O Sistema Sebrae traz para o planejamento do próximo ano um olhar mais voltado para a base da pirâmide, por meio da inclusão produtiva, urbana e rural”, completa.
Uma pesquisa sobre empreendedorismo, realizada pelo Instituto Data Favela, por seu fundador Renato Meirelles, também foi apresentada durante o evento. “O que o estudo apresentou é que quatro em cada dez pessoas da favela têm negócio próprio e que o empreendedorismo de periferia deve ser tratado como se trata os ecossistemas de startups, por exemplo”, destaca.
“Essa mesma pesquisa trouxe algumas boas reflexões sobre o tema, dentre elas o fato de que inovação só tem sentido se fizer transformação social, e também que inovar é enxergar com coragem o que ninguém quer ver”, lembra Ana Madalena.
Educação
O evento trouxe vários temas importantes para as pessoas que vivem em favela, mas a maioria dos painéis tocava no tema da Educação. Como a Rede Globo era a patrocinadora do evento, havia em vários painéis um apresentador, artista ou jornalista da empresa. Em sua maioria, pessoas que tiveram uma vida em favela ou desenvolveram algo relacionado a esse público.
“Quando as pessoas se reconhecem através de outras pessoas que são seus espelhos, isso faz com que elas acreditem que é possível alcançar algum êxito na vida e também trabalhar a sua autoestima, vendo os seus iguais falar de algo em que possuem conhecimento de causa”, destaca Madalena.
Além das palestras, também aconteceram workshops, exposições, rodadas de negócios, pitches de startups, mentorias, debates, cursos, shows, filmes, desfiles e diversas outras iniciativas criadas por moradores das favelas do Rio de Janeiro.
“Algo que é muito interessante é que a liderança da Cufa, através do Celso Athayde e Preto Zezé, conseguiu atrair investidores do asfalto para olhar para a favela e fazer aporte nesses negócios nos mesmos moldes que acontece no mundo das startups. São negócios de impacto que não deixam de ser criativos, não deixam de ser inovadores e além de tudo, possuem um papel social importante para aquelas pessoas que estão desenvolvendo uma ideia, assim como para os que vivem com ela”, observa a analista do Sebrae Alagoas.

