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Quem vê o grupo produtivo Caffé na Mesa, do Povoado Algodão, em Girau do Ponciano, com uma cozinha semi-industrial, marca própria, presença nas redes sociais e cercada de boas práticas de manuseio dos alimentos custa a acreditar que o empreendimento próspero surgiu do desejo de comprar uma galinha. Isso mesmo: uma galinha. Quem conta a história é a empreendedora Maria Josélia Silva.
“Certo dia, eu estava em casa e meu irmão chegou dizendo: ‘comadre, vai ter um curso para as mulheres aprenderem a fazer broas, só que as mulheres que estão na associação [Associação Comunitária dos Mini e Pequenos Produtores Rurais do Sítio Algodão – Ascompral] tem outros compromissos e não podem estar neste momento. A senhora que participar?’. Eu disse que ia. Participei da oficina oferecida pela Emater que durou três horas e uma das mulheres que participou da oficina começou a vender broas”, conta.
Segundo ela, os técnicos da Emater sugeriram que o grupo começasse a produzir e vender também. “Fizemos uma tarde de venda de broas aqui mesmo na comunidade e vimos que podia dar resultado. Ficamos nos ‘amarrando’ um pouco, mas um dia eu fui para Girau e lá, passando em uma barraca que vendia galinhas, senti vontade de comprar uma e levei para casa. Na semana seguinte, voltei com uma quantidade mínima de broas para vender em Girau. Vendi tudo, paguei a galinha e comprei material para fazer mais broas. Foi assim que comecei a venda porta-a-porta de broas”, revela.
Desde o início, em 2011, muita coisa mudou. A empreendedora seguiu produzindo e vendendo broas, mas precisava de mais conhecimento para poder alavancar seu negócio. Em 2014, Josélia recebeu consultoria do Sebrae, através do programa Alagoas Maior, aprendeu boas práticas, criou rótulos para os produtos, desenvolveu técnicas de vendas, aprendeu sobre planejamento financeiro e o povoado Algodão passou a viver um novo tempo, principalmente com a criação do grupo produtivo.
Atualmente, Josélia lidera o grupo de 17 mulheres que produzem e vendem 18 sabores de broas, além de agregar outros produtos, como 12 tipos diferentes de pães e salgados. Além das vendas porta a porta e da comercialização em lojas e mercadinhos da região, as integrantes do Caffé na Mesa participam de eventos e produzem alimentos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
“Quando eu comecei a produzir, as pessoas achavam que eu não ia conseguir vender nem meio quilo de broa. Hoje, comercializo embalagens de um quilo completo. Também produzimos bolos, pastéis, coxinhas, esfirras e outros salgados, tudo à base de macaxeira”, compara Josélia.
Pryscilla Lira, analista da Agência do Sebrae em Arapiraca, destaca que a trajetória da empreendedora do povoado Algodão é inspiradora. “A forma com que ela narra os fatos da vida, com serenidade e simplicidade, de como conseguiu superar os obstáculos financeiros para comprar itens básicos para alimentar a família. A partir de receitas simples, ela começou a comercializar e mudou a vida da família e de outras mulheres que seguiram seu exemplo e hoje fazem parte da associação, gerando renda para a comunidade local e contribuindo para o desenvolvimento da região”, frisa.
Mulheres que já empreendem ou que desejam entrar neste mundo do empreendedorismo podem contar o apoio da Agência Arapiraca do Sebrae, que atende também os municípios de Campo Grande, Coité do Nóia, Craíbas, Feira Grande, Girau do Ponciano, Igaci, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia, São Sebastião, Olho d’Água Grande, Taquarana, Traipu, Palmeira dos Índios, Belém, Tanque d’Arca, Jaramataia, Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Major Isidoro, Minador do Negrão, Campo Alegre, Anadia e Estrela de Alagoas.
“A Agência do Sebrae em Arapiraca oferece todo apoio às potenciais empresárias, para formalização de seus negócios, capacitação em gestão, consultorias para ajudar no desenvolvimento do empreendimento, acesso ao crédito para ajudar o negócio a crescer”, conclui Pryscilla Lira.
