A construção civil encerra 2025 reafirmando seu papel de protagonista na economia brasileira. Em um ano marcado pela retomada de grandes obras, incentivos ao crédito e crescimento da cadeia imobiliária, o setor se consolidou entre os que mais geraram oportunidades em todo o país. O movimento reflete não apenas o aumento de novos empreendimentos, mas também a demanda crescente por serviços especializados, reformas, instalações, design de interiores e mobiliário, o que ampliou o número de pequenos negócios atuando na base e no entorno do segmento.
Em Alagoas, o panorama acompanha essa curva ascendente. Um levantamento realizado pelo Sebrae aponta que o estado conta atualmente com 17.830 empresas da cadeia Casa & Construção, que engloba desde marcenarias, serralherias e lojas de materiais até arquitetos, decoradores e prestadores de serviços. Nos últimos cinco anos, o setor registrou tendência de crescimento de 58,1%, evidenciando uma expansão consistente e alinhada ao dinamismo nacional.
Apesar da força do setor, o relatório também mostra desafios importantes. Entre todas as empresas mapeadas, 27% apresentam algum tipo de inaptidão, irregularidades fiscais, ausência de emissão de documentos ou pendências cadastrais que podem comprometer a operação. Ao mesmo tempo, a longevidade média das empresas da construção é de 7,6 anos, indicador que mostra um mercado forte, mas que ainda precisa avançar em pilares como gestão, inovação e regularidade.
Para o analista do Sebrae Alagoas, Gilson Borges, o bom momento da construção civil exige uma atuação mais assertiva no apoio aos pequenos negócios, justamente para equilibrar crescimento com sustentabilidade. “O mercado está aquecido, o crédito imobiliário está facilitando a aquisição de imóveis e movimenta toda a cadeia. O papel do Sebrae é deixar esse ambiente mais viável, fortalecendo a competitividade empresarial, acesso a mercado, inovação e estabilidade. Trabalhamos leis, normas e o que for necessário para destravar esse ecossistema. Ainda atendemos cerca de 13,6% das empresas do setor, um número que queremos ampliar, contou o analista”.
A diferença entre ser ou não ser atendido fica evidente quando os dados são analisados separadamente. Entre as 1.839 empresas atendidas pelo Sebrae no período de 2024 e 2025, os indicadores são significativamente mais positivos. A inaptidão cai para 6%, e a mortalidade, que é de 23% no cenário geral, reduz-se para apenas 5,3% entre as empresas acompanhadas.
“Na média geral, a cada 100 empresas, 23 encerram suas atividades em até cinco anos. Quando analisamos o universo das atendidas pelo Sebrae, esse número cai para cinco. O atendimento aumenta a longevidade, reduz vulnerabilidades e fortalece a competitividade”, destaca Gilson.
A tendência de crescimento das empresas atendidas pelo Sebrae chega a mais de 100%, mostrando que a combinação de capacitação, consultorias e estratégia de mercado representa um diferencial decisivo.

Um ano de estruturação, inovação e fortalecimento do setor
Em 2025, o Sebrae Alagoas aprofundou sua estratégia para o segmento Casa & Construção, consolidando um plano de trabalho com base em inovação, qualificação, acesso a mercado e articulação com entidades parceiras.
Entre os destaques do ano, estão as duas edições do ConstruTrend, realizadas em Arapiraca, impulsionando o debate sobre liderança, industrialização, produtividade e tendências tecnológicas. No Sertão, o 1º Encontro Casa & Construção, em Delmiro Gouveia, promoveu uma análise SWOT junto aos empresários, mapeando necessidades reais e orientando ações futuras. A capital também recebeu encontros segmentados, incluindo o 1º Encontro de Corretores, que ampliou o olhar para a cadeia imobiliária.
Um dos pontos altos do ano foi o Duelo de Marceneiros, realizado no Alagoas Summit 2025, que ganhou forte visibilidade ao apresentar a criatividade e a técnica de profissionais locais em uma competição, em tempo real, que durou quatro horas. A iniciativa valorizou a marcenaria alagoana e aproximou o público da realidade dos pequenos negócios.

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O setor moveleiro também foi destaque no 1º Seminário de Inovação Moveleira, realizado na Casa da Indústria, trazendo temas como inteligência artificial aplicada à produção, tecnologias, design e sustentabilidade, com participação ativa de sindicatos, FIEA, SENAI e outros parceiros.
O setor recebeu ainda uma série de ações de escuta ativa: encontros coletivos nas regionais ajudaram a identificar dores, expectativas e demandas dos empresários, orientando a construção de soluções mais assertivas. “Queríamos ouvir o cliente de verdade, entender o que ele precisa e não apenas supor. Essa escuta transforma as entregas e fortalece nosso posicionamento”, avalia Gilson.
Do ponto de vista estrutural, dois convênios robustos marcaram o ano: o convênio com o Sinduscon/AL e o convênio com o Sindimóveis/AL. Cada um deles investiu mais de R$ 1 milhão em capacitações, consultorias especializadas, estudos de mercado, seminários, missões, palestras e acesso a novas oportunidades.
Além disso, as conexões corporativas tiveram caráter estratégico. Parcerias com Carajás Home Center e Leroy Merlin abriram portas para que pequenos prestadores de serviço tivessem acesso a conteúdos de qualificação, oportunidades de trabalho e aproximação com grandes redes. O Sebrae também iniciou movimento para ampliar essa rede junto a construtoras, criando pontes entre fornecedores locais e grandes obras.
Na avaliação do diretor técnico do Sebrae Alagoas, Keylle Lima, o trabalho realizado em 2025 consolida o compromisso da instituição com o desenvolvimento econômico do estado. “Estamos falando de uma das cadeias mais importantes da nossa economia. Quando fortalecemos os pequenos negócios da construção civil, fortalecemos emprego, renda e desenvolvimento local. O que realizamos este ano, como os convênios, imersões, inovação, eventos e articulações, representa o início de um ciclo ainda maior de oportunidades”, destacou Keylle.

História que reflete o impacto: Kleber Ronadelly e a virada após o Sebrae
Se os números mostram avanço, as histórias individuais revelam o impacto prático das ações. É o caso de Kleber Ronadelly, 27 anos, empreendedor de móveis planejados. Em 2018, aos 20 anos, começou trabalhando em uma marcenaria tradicional. O sonho de empreender foi mais forte e, pouco depois, abriu o próprio negócio no fundo do quintal dos avós. “Era difícil atrair clientes. Tudo era na base da indicação e redes sociais”, lembra Kleber.
A partir de 2021, decidiu mudar o modelo de atuação, deixando de produzir para trabalhar integrado à indústria moveleira, o que trouxe mais qualidade de vida e atendimento mais especializado. Ainda assim, faltava visão estratégica. O divisor de águas veio em 2025, quando participou da imersão à FIMMA, no Rio Grande do Sul. “Essa viagem mudou completamente a minha visão. Viajei como um Kleber e voltei outro, totalmente impactado por tudo que vi e aprendi. O Sebrae deu a mão e não soltou mais”, conta.
A imersão o motivou a abrir seu primeiro escritório físico, profissionalizar a marca e planejar expansão. As orientações dos analistas do Sebrae, Gilson e Ruan, foram fundamentais. Sempre em contato, sempre orientando. Já temos novas reuniões marcadas para crescer ainda mais”. Com sete anos de mercado, Kleber afirma que 2025 foi o ano mais marcante: o que consolidou uma nova fase da KR Móveis Planejados.

O futuro do setor em Alagoas
Com um mercado em expansão, indicadores positivos e empreendedores cada vez mais preparados, a construção civil tende a seguir como uma das cadeias mais relevantes para Alagoas nos próximos anos. Mas, para isso, será preciso manter o ritmo de inovação, ampliar o acesso à qualificação e fortalecer ainda mais as conexões entre grandes empresas e os pequenos negócios.
Nesse cenário, o Sebrae segue como parceiro estratégico, contribuindo para que micro e pequenos empreendedores conquistem mais espaço, reduzam riscos e aproveitem as oportunidades de um setor que continua em franca evolução.

